Galeria: 40 anos
(parte 1)

São Paulo

Abertura:
19 de novembro de 2025 / 18h30–21h30

Período de visitação:
19 de novembro de 2025 a 17 de janeiro, 2025

A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta em nossa unidade de São Paulo, entre 19 de novembro de 2025 e 17 de janeiro de 2026, a primeira parte da série de exposições “Galeria: 40 anos” . A mostra, que foi exibida em nossa unidade de Ribeirão Preto durante os meses de setembro e outubro, integra o programa de comemorações dos 40 anos de atividade da galeria.

A Galeria Marcelo Guarnieri abriu sua primeira unidade em agosto de 1985, na casa número 1903 da Avenida 9 de Julho, em Ribeirão Preto. Desde então, vem se consolidando como um importante espaço dedicado à arte, estruturando-se primeiro no interior do estado e expandindo-se, em 2014, para a capital paulista. Considerando o deslocamento – geográfico, simbólico e conceitual – como um fator basilar em sua prática e modo de funcionamento, a galeria construiu uma trajetória marcada pelo trânsito entre produções artísticas provenientes de diferentes contextos e temporalidades.

Esta primeira parte da exposição apresenta um recorte que se inicia em 1912, com pinturas de Eliseu Visconti, e se expande até o ano de 1966, com uma obra de Wesley Duke Lee. Esta última funciona como um marco histórico, mas não cronológico, já que a mostra inclui obras produzidas posteriormente a essa data. A pintura de Duke Lee atua como elo conceitual com a segunda parte da exposição inaugurada em Ribeirão Preto no dia 12 de novembro.

As três obras que orientam o pensamento curatorial da exposição são retratos: “Leitura” (1912) e “Sem Título” (sem data), ambas de Eliseu Visconti e “A Zona: toda a minha força aqui, agora" (1966) de Wesley Duke Lee. Nas pinturas de Visconti, o diálogo entre o menino e o senhor aponta para o processo de envelhecimento, uma relação com a passagem do tempo que se dá a longo prazo e que alude às transformações inerentes ao ciclo da vida. Já na pintura de Duke Lee, o que vemos é uma mulher atravessada por uma sequência numérica ao lado de uma tabela que indica “12 horas”, escala que corresponde à metade de um dia e a uma relação mais palpável com o tempo.

São duas perspectivas distintas que configuram o modo de experiência da realidade e da vida que é compartilhado por todos nós. Na exposição, elas organizam uma constelação de obras ao seu redor que nos permitem leituras tão múltiplas e fragmentadas como é a nossa relação com a memória, esse exercício de reconstituir aquilo que já passou. Nessa toada, a geometria do caranguejo de Lygia Clark pode saltar para a superfície de uma tela e se rearticular em quadrados e retângulos esverdeados pela têmpera de Mira Schendel. Insatisfeita com os limites da bidimensionalidade, ganha o corpo elegante de um cubo de acrílico, multiplicando suas arestas e criando a ilusão de um volume dentro de outro na obra “Neutral” , de Carlos Fajardo. Essa mesma geometria, responsável por organizar o regime visual da nossa cultura ocidental – e, portanto, pelo ensino do nosso primeiro olhar – , pode ainda perder os ângulos retos que organizam as formas, desmanchando-se nos corpos dos cavalos de bronze de Victor Brecheret ou da trança de Tunga, mas ainda mantendo-se intacta pela simetria que orienta suas composições.

Nesta sala, Djanira e Milton Dacosta são amigos, Volpi e Thomaz Ianelli brincam no quintal, LIUBA e Niobe Xandó viajam juntas, Tomie Ohtake e Antonio Dias disputam o vermelho, Ivan Serpa e Felícia Leirner compartilham pesadelos, enquanto Baravelli, Flávio de Carvalho e Bruno Giorgi estão diante de uma mesma mulher. Enquanto Amélia Toledo nos recorda que as paredes têm ouvidos, nós afirmamos que elas também têm história. São partícipes e testemunhas de conversas entre artistas, genealogias, materialidades e também pessoas que deram origem a um programa artístico que agora completa 40 anos.

As obras presentes na mostra pertencem à coleção da galeria, aos artistas atualmente representados por ela ou àqueles que participaram de exposições ao longo dessas quatro décadas de atividade. Parte dessas obras retorna agora ao espaço expositivo da galeria após anos integrando coleções privadas.

Agradecemos aos artistas, colecionadores, colaboradores, amigos e a todo o circuito de arte por esses anos de convivência, troca e construção conjunta.