Sem Título, 1969, monotipia, 91 x 108 cm
Tele, 1970, monotipia e nanquim sobre papel, 31 x 43 cm
Sem Título, 1969, monotipia, 31,5 x 23 cm
Imã, 1968, monotipia, 72 x 50,5 cm
Cidade, 1969, monotipia, 32,5 x 47,5 cm
Sem título, 1968, monotipia, 33 x 46 cm
Laboratórios, 1970, monotipia, 33 x 45 cm cada
Gerty Saruê
1930 - Viena, Áustria
Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Nascida na Áustria e crescida na Bolívia, Gerty Saruê chegou em São Paulo no ano de 1954, em pleno processo de industrialização da cidade. Suas composições, embora se utilizem de formas geométricas e de objetos utilitários, se interessam menos pela aparência asséptica desses elementos e mais pela sujeira ou desordem na qual podem estar inseridos. Saruê incorpora frequentemente em seus trabalhos algumas texturas, carimbos ou hachuras que nos trazem a sensação de que estão cobertos pela fuligem dos carros ou borrados por manchas de graxa. Quando faz uso de tons terrosos, parece querer falar menos da natureza bucólica e mais da natureza devastadora e poderosa, capaz de corroer, literalmente, a dinâmica industrial. A série Burocráticas, realizada na primeira metade da década de 1980, espelha aquilo que estava em pauta na economia: crise na América Latina, PIB em queda e aumento da inflação. A confusão gerada pelo sistema econômico era parecida com a desestabilização gráfica criada pela artista. O emprego das superposições e sobreposições, também tão frequentes em seus trabalhos, estão em pleno contato com essas outras estratégias de que faz uso – como a incorporação de materiais descartados ou a ressignificação de signos impessoais e inexpressivos da vida cotidiana – oferecendo a nós a sensação de vertigem, como se tudo estivesse fora do lugar. Servem quase como registros fósseis invertidos de uma sociedade tão preocupada em ordenar e progredir.