Waltercio Caldas:
Objetos, pinturas, desenhos


Ribeirão Preto

Abertura:
30 de maio, 2025 / 18h30–21h

Período de visitação:
30 de maio a 30 de julho de 2025

Registro em vídeo da visita à exposição “objetos, pinturas, desenhos”, de Waltercio Caldas

A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta, entre 30 de maio e 30 de julho de 2025, “Objetos, pinturas, desenhos”, segunda mostra individual de Waltercio Caldas em nossa unidade de Ribeirão Preto. A exposição reúne obras realizadas, em grande parte, durante os últimos três anos, e dão continuidade à investigação que o artista realiza há mais de cinquenta anos sobre os modos de percepção produzidos na relação entre a visualidade e a espacialidade. Por meio desses objetos, que são pinturas e também desenhos, Caldas explora as existências bidimensionais e tridimensionais dos elementos fundamentais das formas, propondo uma reflexão sobre as qualidades físicas e virtuais das imagens.

A geometria é comumente associada às ideias de certeza e previsibilidade. No entanto, dentro do trabalho de Caldas, ela parece nos apontar para uma situação que vai além desses limites: seja nos desenhos sobre papel, quando a linha ou o ponto ganham volume e se lançam no espaço para além da superfície, seja nas arestas de suas esculturas/objetos que, sugerem um caminho ainda a ser percorrido até que o volume se complete, nos projetando para outros planos que não estão simplesmente no traçado. Eles encontram em nós uma ressonância, e é assim que somos convocados a entrar em seus trabalhos, dotando suas formas de um novo sentido.

Daí seu interesse pela qualidade reflexiva dos espelhos. Embora esta exposição não nos coloque diante de superfícies espelhadas, ela está formada por imagens que reverberam além delas, surgindo daí uma poética dos espaços, como se do registro visual de suas vibrações sonoras se tratasse. São pinturas que passeiam por tons escuros e que permitem a Caldas trabalhar com noções de volume e profundidade por meio do manejo da luz. Clarões nebulosos que parecem emergir do campo azul da tela ou fontes de luz que parecem dividir conosco o espaço tridimensional, e que incidem sobre o púrpura produzindo sombras inaugurais, como se houvesse a interferência inevitável do nosso mundo no mundo da pintura.

Pois é mesmo sobre o movimento e a ilusão das coisas percebidas que nos contam essas pinturas, mas também os desenhos e os objetos que, embora sejam peças estáticas, sugerem inclinações e alterações de perspectiva, como em “Escultura zoom” e “Céu pelo avesso”. A disciplinada visão frontal do “Museu à noite” é de algum modo questionada nos jogos angulares dos desenhos em nanquim e pastel: são vistas panorâmicas? Oblíquas? Diagonais?

Para Waltercio Caldas “o desenho vem de desígnio, e é assim que gostaria que as obras fossem, não como uma representação, mas como algo que possa vir a aparecer”. Um “Gato no espelho”, por sua vez, seria uma imagem interrompida, um reflexo opaco porque aquele que está refletido não se reconhece no que vê. Nem mesmo a camurça negra, absorvendo a luz em todos os seus comprimentos de onda, o permitiria.

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Waltercio Caldas
1946 - Rio de Janeiro, Brasil.
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.

A busca de Waltercio Caldas é por um olhar modificado pelo espanto do objeto ainda sem nome e sem história. Pelo estado de suspensão em que nos encontramos quando em situações fronteiriças, do espaço “entre”: entre realidade e ilusão, silêncio e matéria, bidimensional e tridimensional, entre palavra e imagem, entre a linha do horizonte e o abismo. O repertório da história da arte é entendido por Caldas como material de trabalho, tanto quanto é o bronze, o aço inoxidável, o ar, os fios de lã ou os campos de cor. É uma espécie de dúvida do mundo que mobiliza a produção de Waltercio Caldas e que solicita ao observador especulações sobre ele a partir do olhar.

Participou em numerosas exposições em museus e instituições de arte como: Kanaal Art Foundation (Bélgica); Stedelijk Museum (Holanda); Centre d’Art Contemporain (Suíça); Museum of Modern Art (EUA); Josef Haubrich Kunsthalle (Alemanha); Museo del Barrio (EUA); Walker Art Center (EUA); Bienal de São Paulo; Bienal de Veneza; Documenta de Kassel; Bienal do Mercosul; entre outras.

Coleções que possuem seus trabalhos: Museum of Modern Art, Nova York, EUA; Centre Pompidou, Paris, França; National Gallery of Art, Washington, EUA; Fundación Cisneros – Colección Patricia Phelps de Cisneros, Nova York, EUA; Caracas, Venezuela; Blanton Museum of Art, Austin, Texas, EUA; Neue Galerie, Staatliche Museen, Kassel, Alemanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil.