Mariannita Luzzati: Migrantes
Rio de Janeiro
Abertura:
3 de agosto, 2017 / 18h–21h
Período de visitação:
3 de agosto - 6 de setembro, 2017
As migrações, vegetais ou humanas, transformam radicalmente situações e contextos pré-existentes. Pesquisas paleo-botânicas desenvolvidas a partir de macro-fósseis e diagramas de pólen, indicam que, muito antes de qualquer intervenção do homem, espécies de plantas já migravam devido a alterações climáticas, perturbações naturais e processos de desenvolvimento. Os efeitos da intervenção humana nos ecossistemas florestais, no entanto, vem aumentando progressivamente, por conta do crescimento da população e da diversificação das atividades humanas.
Espécies de árvores introduzidas alteram para sempre o meio ambiente, já que a migração natural de suas sementes acabam por alcançar, em diferentes condições, lugares inesperados. Um grande exemplo deste fenômeno botânico ocorreu no Rio de Janeiro, quando o Príncipe Dom João de Bragança (apaixonado por botânica), criou em 1811, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com o objetivo de aclimatar plantas trazidas ao Brasil da Índia Oriental. A criação do imenso Jardim Botânico mudou o clima da cidade e foi fundamental ao aparecimento de espécies que coexistem com as florestas tropicais da Baía de Guanabara.
A exposição, primeira individual de Mariannita Luzzati na sede do Rio de Janeiro da Galeria Marcelo Guarnieri, gira em torno dos filmes “Migrantes” e “L’Invitation au Voyage” que dão conta de fundir paisagens reais e imaginárias. As duas pinturas de grande formato e os 6 pequenos desenhos que também integram a exposição estão em constante diálogo com os filmes, que, por sua vez, revelam o processo de colonização do Brasil por Portugal durante a expansão marítima e refletem, através das paisagens de ambos os continentes, sobre o processo de mudanças e interferências que este fluxo gerou.
Os trabalhos em exibição estão relacionados à sua pesquisa anterior. Nela, a artista operava a partir da ideia de “restauração” da paisagem, a fim de retorná-la ao seu estado “natural”. A vontade de restauração de que trata Luzzati diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de tons rebaixados que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de “nublar” os elementos da cena. Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha. Os desenhos se comportam de maneira parecida. São feitos a lápis de cor, material rudimentar que carrega consigo o registro da infância, um registro de leveza e ingenuidade. Tal delicadeza, no entanto, precisa negociar com a dureza da ferramenta: o lápis, ao pintar o papel, evidencia as imperfeições de sua superfície e torna grosso o que seria liso. É do mesmo tipo de troca de que se trata, cor e forma: enquanto uma se constrói, a outra se desmancha.
Mariannita Luzzati, 1963. Vive e trabalha em São Paulo e Londres.
Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Museu Nacional de Buenos Aires, Museum Of London, Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Maison Saint Gilles em Bruxelas.
Coleções que possuem seus trabalhos: Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil; Fundação Cultural de Curitiba, Brasil; Fundação Padre Anchieta – TV Cultura, São Paulo, Brasil; Museu de Arte de Brasília, Brasil; Machida City Museum of Graphic Arts, Tóquio, Japão; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz Ribeirão Preto, Brasil; Fundação Musei Civici de Lecco e MIDA – Scontrone na Itália; British Museum, Londres, Inglaterra; Essex Collection, Colcherter, Inglaterra; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc, Londres; Teodore Goddard, Jersey e Pearson plc, Nova York, EUA.