Niobe Xandó

1915 - Campos Novos Paulista, Brasil
2010 - São Paulo, Brasil

Niobe Xandó

1915 - Campos Novos Paulista, Brasil
2010 - São Paulo, Brasil

Niobe Xandó inicia sua carreira na década de 1950 como pintora figurativa. Com o passar dos anos, suas pinturas caminham para um imaginário fantástico, que embora representassem seres em mutação, aproximavam-se cada vez mais da abstração. O tema das máscaras, desenvolvido durante a década de 1960, passa a ser um motivo recorrente na obra de Xandó, manifestando seu interesse por culturas ancestrais indígenas e africanas. É também nessa década que a artista cria a série dos Totens, na qual recobre volumes de madeira com as linhas e cores usadas nas Máscaras. Seu trabalho ganha destaque em 1965, na 8ª Bienal Internacional de São Paulo, onde apresenta duas pinturas produzidas naquele mesmo ano. Outra forte corrente de pesquisa é aquela ligada ao letrismo, movimento que nas décadas de 1960 e 1970 pretendia criar uma nova escrita com base em símbolos. Como observou Antonio Gonçalves Dias: "Para fazer frente a esse nada admirável mundo novo, era preciso reinventar o verbo, estabelecer as bases de um novo testamento plástico: no fim da década de 1960 surgem os “escritos” da artista." Xandó abordava o embate entre o arcaico e o contemporâneo em obras que podem ser agrupadas sob o nome - criado por ela mesma - “mecanicismo", como O Círculo Branco (1970) e Black Power II (1970), e sobre as quais a artista pondera, em carta de 1978: “Aos poucos estes elementos mecânicos passaram a dominar meu trabalho. Sentia então duas coisas: horror e atração. Acho que isto é um conflito do primitivo com o mundo atual". 

Xandó foi considerada por Rubem Valentim como “a primeira artista brasileira da textura", pelo tratamento matérico que dava à sua pintura, remetendo aos gestos do fazer popular. Entre as exposições em que se destaca estão a 10ª Bienal Internacional de São Paulo, de 1969, onde tem sua obra apresentada na sala especial de Artes Mágica, Fantástica e Surrealista, e a 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo, realizada em 1978, onde seu trabalho representa a influência das culturas africana e indígena na arte brasileira. Sua obra foi analisada por importantes críticos brasileiros como Vilém Flüsser, Mário Schenberg, Theon Spanudis, Radhá Abramo, Ivo Zanini, Aracy Amaral e Laymert Garcia dos Santos.